ARTE - No Memorial Câmara Cascudo, alunos aprendem técnicas do desenho e da pintura figurativa
Novas tintas, cores e desenhos para a trajetória do artista plástico Jomar Jackson: seu tradicional atelier, que há mais de 12 anos forma artistas e revela talentos potenciais na capital potiguar, está completando um ano em sua nova casa, o Memorial Câmara Cascudo, no centro. Foi um verdadeiro périplo até que o atelier deixasse seu endereço na Cidade de Criança, onde tudo começou, e enfim encontrasse um espaço ideal para suas atividades. “É a melhor instalação que já encontramos até hoje”, afirma Jackson.
O prédio neoclássico da Cidade Alta, construído no século XIX, cedeu duas salas ao atelier de Jomar Jackson – uma para pintura, outra para desenho. Segundo o artista e professor, o material usado para as aulas está melhor exposto e arrumado, ao alcance dos alunos. “Os modelos que usamos para dar aula estão acomodados, como vasos, formas geométricas e estátuas, estão agora dispostos da melhor forma para os alunos. É o tipo de coisa que melhora o rendimento e eleva a qualidade das aulas”, explica. Outro ponto, é que a arquitetura do prédio permite aberturas de luz que dispensam a iluminação elétrica. “A gente faz qualquer tipo de luz projetada. Vamos até às 17h sem acender nenhum tipo de luz”, completa.
São detalhes importantes para quem lida com pintura e desenhos, mas que há certo tempo estavam tirando a precisão dos traços de Jomar Jackson no papel. Começou com a necessidade, cada vez mais urgente, de tirar o atelier da precária estrutura da Cidade da Criança. Situação que piorou com as fortes chuvas e conseqüente enchentes que vinham tomando a área. As tintas e telas de Jackson foram então para o Palácio “Potengi” da Cultura, onde ficou de maio a junho do ano passado. O prédio foi retomado para abrigar o governo do Estado. O atelier havia ficado novamente sem chão.
Até que velhos laços de amizade foram reatados para dar um novo rumo à situação. Daliana Cascudo, neta de Câmara Cascudo, cedeu gentilmente dois ambientes do memorial para abrigar o atelier. A ligação de Jomar Jackson com a família Cascudo não começou com essa instalação – vem de bem mais longe. Jackson freqüenta a casa do folclorista desde os 13 anos de idade. Amante das artes, Cascudo sempre mostrava algo de seu acervo, fosse livros ou peças, ao adolescente fascinado. “Cascudo fez a abertura da minha primeira exposição, em 1964, na Galeria do Município, um prédio maravilhoso que infelizmente não existe mais”, conta. Daliana, que Jackson conhece desde que nasceu, deu o acabamento final no novo quadro do atelier.
O atelier já retomou o ritmo normal de suas aulas. Recebe cerca de 60 alunos, de idades que vão dos 9 aos 90 anos. Não há períodos e turmas; o curso começa a partir da inscrição. Aos iniciantes, a primeiras aulas são de senho grafite sobre papel; segue-se para pintura, que vão de paisagens, animais até a figura humana, com modelo vivo posando. O curso de desenho dura sete meses, e o de pintura, de quatro a cinco anos. Jomar continua também sua metodologia: “Começar na prática, com pouca teoria. É o tipo de coisa que se deve ir além do livro”. Vários alunos do pintor já arrebataram prêmios e concursos ao longo dos anos.
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